Quem Pariu Mateus Que o Embale
Assim vivia Bob Devasso, atordoado com aquela ameaça de Isabel a batucar na sua cabeça.
Mulher vingativa e dotada de poderes temidos por todos, Isabel não se conformava com a traição que tinha posto fim ao seu fracassado casamento.
Afinal, embora Andréa não fosse sua amiga, e nem a conhecesse sabia que Bob era casado com ela.
Apesar de todas as ameaças que rondavam a relação, o amor dos dois ia seguindo, Bob e Andréa continuavam apaixonados, e um filho coroaria para sempre aquele amor.
Tentaram um gato, xodó da casa, que não resistiu a doença e morreu.
Diante do bichano morto, aos prantos Andréa gritava, "eu quero um filho teu, não aguento mais viver assim sem ser a mãe do teu filho!".
E realmente não aguentou, foi embora deixando para trás o sonho.
Angustiado, Bob chorava a perda aboletado numa mesa da Tasca do Edgar, bebendo em goles e petiscos a sua covardia, fadado que estava a passar sua vida com medo das ameaças da jararaca da sua ex mulher.
Numa desesperada tentativa, afogado em mágoas e na bebida, foi a kitinete de Isabel implorar que ela procurasse Andréa, dizendo daquele seu estado, e argumentando que a sua raiva já tinha passado, e que ela aceitaria um filho dos dois, caso voltasse para o Bob.
Pior a emenda que o soneto, o ódio mudou de lado, deixou o 336 da Rua das Laranjeiras, e mudou-se para a General Glicério, onde Andréa jurou nunca mais querer vê-lo.
Certo dia, num desses encontros que parecem enredados pelo destino, recebeu de Isabel a notícia: "Estou grávida!".Com perplexidade e espanto Bob indagou: "Mas como, de quem?".
A resposta veio da boca de uma mulher vingativa, que buscando dar o troco, levava uma vida de devassidão e bebedeiras, frequentando as rodas de samba do Pereirão só para compor a personagem que a tornaria pior que o canalha do Bob: "Não sei, só sei que ele é mais bom de cama que você!".
A dor que sentia pela perda do seu grande amor, não permitiu que Bob tivesse qualquer reação, postado ali, sem nenhuma agressão física ou verbal, apenas ouvindo e se indagando como seria o depois, já que ao que parecia aquela gravidez não seria bem vinda pelo "Don Juan" bom de cama.
Possessiva, Isabel não queria se dar conta da situação, e do alto da sua medíocre ignorância, sem nenhum pudor respondeu: "Vou abortar!".
Foi quando um anjo interveio naquela conversa, e fez com que o sentimento cristão de Bob aflorasse e exclamasse: "Tenha que eu assumo!".
E hoje, dia em que os pais lembram seus filhos, ao não receber mais uma vez em anos, a ligação de sua filha Isadora dando parabéns pelo dia, Bob pôs-se a pensar no filho que não teve com Andréa, mas que nasceria fruto do pecado de Isabel que, por conta de uma vingança a uma traição sua, aproveitou-se e perpetuou para sempre a sua covardia.
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