Negritude, racismo, interracialidade

Hoje as marcas do racismo são quase invisíveis, mas ainda estão presentes, mais do que no passado.

Temos pela frente uma sociedade moldada para o padrão da raça branca, que se apropriou da economia, da cultura e da inteligência dos povos, para perpetuar sua dominação.

Tudo de diferença que é sentido por um negro, está instalado em si como um sentimento, parte do seu DNA. 

E não adianta dizer que não é consigo, que nunca sofreu, e que o racismo não existe. Se você tem ascendência negra as marcas dessa separação estão dentro de você, e poderão ser detonadas ao mínimo sorriso, por uma minúscula frase ou por um gesto qualquer.

Minha avó era uma escrava liberta, por ter nascido filha de outra em certo período do fim da escravidão. 

Minha familia egressa desse tempo, momento em que ser negro ainda definia um destino. 

Todos, minha familia e eu, com seu lado branco vindo de um avô português, lado esse que a força da discriminação fez questão de manter afastado por um bom tempo.

Minha trajetória de vida foi marcada por essa divisão, num primeiro estágio, negro, num segundo, branco, fruto de uma miscigenação natural devido a ascensão social.

Mas por mais que eu não leve em conta o ônus da minha pele morena, a negritude sempre aflora, na só pelas lembranças da história passada, como também pelo sofrimento que vivi tendo esse meu lado negro.

E "American Son" veio me mostrar o quão fortes estas marcas seguem estampadas no fundo de nossa alma, numa discussão abrangente sobre negritude e interracialidade na sociedade americana.

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