Bendito Ano de 1958, Que Nos Apresentou a Bossa Nova e João Gilberto
A bossa nova têm disso, um quê de ingenuidade universal meio infantil, como aquele ano mágico de 1958
Com melodias e arranjos simples, grandes músicos, grandes talentos e harmonias a Bossa Nova abriu ao Brasil as portas do mundo.
Quando surgiu vivíamos o ano de 1958, tínhamos um outro tempo, num outro Brasil, sem esses grandes conflitos políticos que temos agora.
Íamos ao cinema e assistíamos enebriados ao cinejornal do Canal 100, onde vibrávamos com jogos de futebol de semanas atrás, achando que tinham acontecido ontem, as notícias sobre a construção de Brasilia, os lançamentos dos modelos de carros nacionais que eram um must.
E enquanto nos concursos de miss, Marta Rocha perdia o título de Miss Mundo por milímetros, no futebol o Brasil vencia a sua primeira Copa com Pelé e Garrincha.
Quando Elisete Cardoso, a grande diva do samba canção, cantou em "Canção do Amor Demais" para dar maior visibilidade as músicas de Tom e Vinicius, e João Gilberto acompanhou apresentando com seu violão a sua tão famosa, hoje, mundialmente, maneira de tocar, ganhou destaque maior que o próprio disco.
Tinha 12 anos, e corri a escutar, numa casa onde a música escorria pelas notas do piano da minha mãe, no canto lírico da minha tia contralto, e no rádio rabo quente, a querer me informar sobre tudo aquilo que estava acontecendo de novo com a nossa música.
E não parei mais em meu gosto musical, vindo a sonhar e me tornar artista e produtor anos depois.
E devo tudo que conquistei a João e a efervescência daqueles bons tempos.
Nós que sofremos as dores do mundo por esse viés de sensibilidade artística, e fomos acometidos pelas perdas politicas que a vida nos causou, só temos a agradecer por ter vivido aquele ano mágico, acompanhados de uma só tristeza pela perda de João.
É a vida, eu sei, mas a saudade que fica nunca terá um fim.
Publicado em @Facebook em 07/07/2019 por Bira de Oliveira